segunda-feira, abril 25, 2011

Transfusões

A luz apaga-se e eu não encontro o meu caminho
Que me tire desta clausura, deste labirinto
O chão é aspero neste estio infernal
O preço do desprezo e do pecado original.

Bebe, do meu sangue frio
Come, do meu corpo vazio
És sangue, do meu sangue frio
És carne, do meu corpo vazio.

Neste carrossel de tortura musical
Nauseas de aborto num jogo virtual
Pesadelos de água benta de sopro tumular
Aves de rapina numa dança circular.

Bebe, do meu sangue frio
Come, do meu corpo vazio
És sangue, do meu sangue frio
És carne, do meu corpo vazio.

segunda-feira, abril 11, 2011



Escrevo-te para evitar pensar-te.

Tão somente dizer-te em prolongamentos de braços que não metamorfoses e barcos à deriva.

Pálpebras cerradas pelo orvalho e os dedos em rotação.

Faltam-me sílabas para te compôr. Palavras que se insunuam mas que em ti não cabem.

Sem o saber sou eu e as sombras, o nada que ocupo e o tempo que não recua.

Em prolongamentos de línguas que não se tocam. Um ar gélido de madrugada...

Se me lesses nas entrelinhas e pedaços de cal que se soltam...

Jaz em ti um piano antigo. Em mim filamentos de uma qualquer substância.

Por momentos, um caos poético. Em câmara lenta, no abismo de nós.