domingo, junho 03, 2012

terça-feira, abril 24, 2012

Passion dans un spectre de couleurs

"Les Amoures Imaginaires"
un film de Xavier Dolan, un de mes favoris





Nicolas: You have a big bed, right? Francis: Yeah, I have a big bed. You can sleep here, we'll just... We'll just squeeze in. Nicolas: Thanks, man. Marie: Shotgun the side. Francis: I hate the middle, too. Nicolas: No sweat. I like the middle.

sexta-feira, abril 13, 2012

quarta-feira, março 21, 2012

Deus nos livre de bocas abertas, homens de mau recado e de mulheres que correm fado




Os sons da rua acenam-me pela varanda. Convido-os a entrar
na recusa do ocaso, no poente de mim não mais um nome por obrigação mas o homem
no seu todo. O homem duplicado pelo desenho do corpo envolto por ferros a
partir de então denominados de ferrugem porque da ferrugem as marcas e das
marcas o homem no seu todo. Os sons da rua esperam-me na varanda. Um poiso para
patinhas de pássaro, um passar de olhos, bom dia boa tarde como vai das dores
de alma se da alma um poente… a mulher sem nome, um acaso em que se tocam por
entre ferros e dos ferros a ferrugem que já se anunciara, da ferrugem partes
porque este homem é um todo… bom dia boa tarde boa noite, durmo mal há uns dias,
são as maleitas da idade, já dizia aquele homem de quem só guardo a imagem a
preto e branco de face quase enferrujada, bom homem no seu todo, da mulher
partes emolduradas e da moldura asas de libélula que dos encontros só rascunhos
em papel mata-borrão. Vá em paz e que deus o acompanhe, se deus me acompanha
deixa os outros sem guarda, deus é grande, grande é mas da varanda não deus só
pássaros incompletos, são as partes de deus. Bom dia boa tarde boa noite, das
maleitas uma infusão e da alma um vapor, adeus que se faz tarde, se o quiser
cumprimentar, um bater de asas que de nome não digno, nem que em sua morada
entre, pela varanda reconheço-lhe as patinhas, assim seja, assim o será.

terça-feira, março 20, 2012

Se


Se te cruzasses comigo numa viela qualquer, talvez uma pausa de insinuação e um dar de mãos só porque sim. Um risco na parede tal e qual um roçar de ombros ou um piscar de olhos em simultâneo. Se me pedisses um lábio cedia-te a pálpebra esquerda. Se me pedisses um murmúrio cedia-te o pescoço. Se me pedisses o nada cedia-te o tempo que me resta para que dele me reconstruísses com pequenos encaixes.

segunda-feira, março 12, 2012

Sou como asas que apontam para o horizonte



Sobre o tempo não há mais nada a delinear
Sou como asas que apontam para o horizonte
E se as asas me cortam, penas e ossinhos de frágeis
angústias…
Outrora metamorfoses e não sonhos
Dos sonhos, criaturas que ocupam espaços
E não olhos esbugalhados em ânsias com efeitos colaterais…
Do medo apenas pó e sedimentos
Os castelos na areia são provas de inocências
Que as ondas do mar envolvem em espuma e algas…
Sobra-me o tempo do ir e vir
E de olhos esbugalhados depeno as asas
Antes que as cortem e alimentem os sonhos, das criaturas
apenas as ânsias…
Em solilóquios de espuma
Os ossinhos em vibração
Castelos desfeitos com os murmúrios que se afogam no mar.

Não se contam pássaros pelas asas



Não se contam pássaros pelas asas
Mas pelos bicos em surdina que tarde chegam
E salpicos nos céus que não são estrelas
Mas sinais de percursos desalinhados.
Dos que quiseram voar e de omoplatas asas
E não bicos porque das línguas só medos em surdina.
Dos sonhos não se tem registo, nesse mundo só quem deles
sabe
E deles não reza a história nem por linhas tortas se escreve
direito.
Também as pedras falam, evocam mãos e dedos
E das pedras asas e bicos e pássaros mas não sonhos,
Nem tortos nem pragas em linhas direitas como o sermão
Que os peixes recordam em redor de si, que a eles não mais
se pede.
Não se contam os homens pelas omoplatas que asas serão
Mas pelos olhos fechados que tarde se abrem.
Rumo aos céus, diz aquele que em bicos de pés se prende a uma
nuvem que passa
És coxo da perna direita, diz o que navega numa jangada de
ossos
Talvez não seja de ossos mas penas de pássaros sem bico, diz
o coxo em bicos de pés
São asas meu caro, asas de milhafre, diz o que do próprio
corpo faz jangada
E a nuvem passa e o milhafre abandona o espaço aéreo em
sinal de despedida.

quinta-feira, fevereiro 02, 2012

Prelúdio nostálgico


Mas porque insistes em agitar as águas que te embalaram se me pesam os olhos e as rugas são ondas? Não sejas pó num sopro em espiral, aprisionas-me em redes de palavras que não entendo. Os mesmos poemas em recitais intermináveis, o teu latejar em monólogo. Porque te adorava em manhãs de outono, preparava-te a cama num momento de aperto e uma overdose de cheiros que não me largava. Era eu em mim e não só pele e osso e rugas que eram ondas. Cheiras-me ao azul longínquo. Ao azul que me invade de nostalgia. No cimo de mim para ti, em asas de borboleta. Em nascentes de lodo e muros de altura que não percepciono. Não me empurres contra os muros, não me feches a boca com lodo porque do lodo girinos e girinos em metamorfoses. Em manhãs de outono num prelúdio de inverno na mesma ópera que me murmuravas de boca fechada. Renascia a cada murmúrio, a cada dedo em riste num aviso de tentação. Eu na ponta do dedo numa dança que me parecia eterna, na ponta dos pés, lamacentos de ternura. Que me queimem em praça pública, eu estendal de rugas e sobrancelhas desleixadas. Gargalhadas e línguas, o bater de asas de borboletas em espirais de azul incandescente. As cores de uma manhã de outono num copo de vinho que te espera. Como era subtil o teu gesto de dedo em riste para uns olhos sem irís. Que da irís entendes tu, eu apenas dedos entrelaçados nas pontas dos pés. Em asas de borboleta, metamorfoses de lodo em paisagens de outono. Se me encontras, preparo-te a cama, sigo-te no gesto de beber o vinho que te aguarda, escuto os poemas que sempre recitas e mergulho nos murmúrios da ópera que te faz sentir. Invadem-me as cores de uma manhã sem tempo, só o azul no embalar de um bater de asas que surge de não sei onde, tal como eu, no cimo de mim em bicos de pés, a dança espiral na ponta do dedo em riste. Línguas de lodo e as rugas são ondas.

sexta-feira, janeiro 13, 2012

Limbs are waiting to be embraced

Once this morning, heavy with those clouds
I barely spoke, those words I felt I would never spell
My eyes were glass, broken windows
Not a dream, somekind of a novel, written without sense
And the tree growns without worries,
No apologies...
If I could embrace the limbs...