Já te viste ao espelho hoje?
Reconheceste-te no vértice de um qualquer ângulo agudo,
As expressões de quem range os dentes por agonias avulsas
E o êxtase impróprio por ironias derramadas em soluços?
Já te insultaste ao espelho hoje?
Ou aguardas que te esbarrem contra o vértice que te aponta,
O relicário de cinzas com que te maquilhas
Só porque lá fora te aguarda o abismo de não ter?
Já te prostituíste por actos e omissões?
Num tempo contado por um cigarro que se esvái
E que tenta afundar-te em memórias de areia
Ferem-te os lábios que não sabem que verbo conjugar?
Já foste miragem ou inquietação?
Um compasso de espera ou uma pauta desordenada?
Um traço na pele ou uma escama em decomposição?
Ou o reflexo do pensado num vidro partido?
Já te viste ao espelho hoje?
Ou um acto de auto flagelação em êxtase corporal?
Actos e omissões por minha culpa masturbação,
O relicário de cinzas e os lábios cerrados,
Enquanto me conjugo em soluços e espamos
Na brevidade de te prostituir enquanto forma de areia.
Sem comentários:
Enviar um comentário