Não pedi que te cruzasses comigo, que me devolvesses o sorriso ingénuo.
Não pedi que me envolvesses numa melodia sem coro, só a duas vozes.
Não pedi que me desligasses do mundo, que me centrasses em ti e no que a ti te circunda.
Não pedi que me escrevesses em abreviaturas, num diálogo monossilábico, insípido.
Não pedi que o teu gesto fosse algo intemporal, em câmara lenta.
Não te pedi um filme, um livro, um acto de contrição.
Não te pedi nada enquanto tudo o que te pedi não cabe nestas linhas desesperadas por cor.
Não te pedi um pesadelo disfarçado de sonho, em constante repetição, em cartaz de cinema.
Não te pedi o tempo, o teu tempo, o meu tempo, o tempo que de nós nada tem.
Não te pedi a metáfora. Não te pedi o o verso. Não te pedi a inspiração.
Não te pedi o retrato, o reflexo, a solidão dos abraços por dar.
Não te pedi. E julgo que não te perdi.
Espero encontrar-me, só não sei onde nem quando.
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