Sempre distorci a realidade, não por querer ou por gostar,
Mas porque é nesse jogo de sucessivas desconstruções e construções
Que me vou assimilando e me soletro em entendimento.
Nunca percebi o quadro de reflexos miméticos no espelho da alma,
Do corpo, do ser, sem o transformar numa dança esquizofrénica e caleidoscópica
De sucessivas imagens desfiguradas.
Também te descontruo, não por querer ou por gostar,
Mas para que te tornes espaço em mim... e eu em ti... nesse pronome
Que conjuga um verbo que de tão regular se torna irregularmente inconjugável.
Faz frio... aconchega-me no teu reparo pausado para que o contorne,
Na tremura do solstício.
Acomodo-me sobre mim, num gesto mimético prematuro por saber que a noite fria e escura
É o puro reflexo da criatura que se nega a fazer frente ao próprio ser
Que renasce a cada expiração carbonatada, em partículas de fumo que suspiramos.
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