Uma febre que ia e vinha. Ao ritmo lento do ocaso. Pensou tratar-se de uma asa depenada que lhe sobrevoava a fronte ou algum insecto a meio da sua metamorfose. Talvez por se encontrar deitado o refluxo azedo do dia lhe tivesse subido à memória e azedasse as recordações de um período qualquer de tempo indeterminável, dado o azedume. Já nessa altura se passava o rumor de que a única coisa certa é a morte. O resto é um pêndulo saltitante que num ritmo mais ou menos precário nos faz decair. Como a laranja que apodrece pela infusão larvar de vómitos. Um escarro. É no que se revê. Num escarro pregado à sola de um sapato que percorre a beira-rio, pela marginal até ao sem rumo. Nunca pensara em escrever uma biografia crisálida, pois nunca se preocupara em demarcar períodos, regia-se pelas horas solares, daí enganar-se sucessivamente nas rugas. Nem o nome se alinhava no horizonte. Culpava a elevação da campa da sua mãe. Em terra, para que o peso das recordações não fosse em demasia. Acreditava que sendo terra os tormentos aprisionados na carne, à medida que esta se consumia, libertavam-se no perfume da noite. É por isso que os cheiros da noite são irreconhecíveis. E não vale a pena a discussão, pois não há consenso. O perfume da noite. Seria engraçado descobri-lo e guardá-lo num frasco escuro, salpicado por pequenos pontos brancos, em linhas imaginárias desenhar-se-iam figuras inexistentes. O perfume da noite… que maçada quando lhe escapa a carne, quando se dão nós nos membros e os impedem de avançar. Nem mesmo o assombro do espelho o ilude, é céptico nas entrelinhas. Dá vontade de rir, de pasmar, de o segurar pelas tripas e rodá-lo 180 graus para que os olhos se abram de pasmo. Nem nas pálpebras se reconhece, podia pelo menos ficar arrepiado, mas nem as unhas se retraem na carne com tal fixação. Tenta disfarçar mas apanho-lhe o tique da unha do dedo grande do pé. Descreve arcos de abóbada. Tudo nele é arcos e paredes de calcário, já conta décadas de exposição a erosões, o tiquetaque de um qualquer sentido germinal faz ressonância nos espelhos. É talvez naquele espaço ténue onde se recuperam tendões de Aquiles que ressoa a mudança, a qualquer espécie de maturação inócua que recua. Um passo, dois passos, e um intervalo reticente de sucessivos desmaios esgazeados de fumo e poeira. Adormece, ou julga que… num estado mais onírico que material, a carne lamenta-se por se descolar dos ossos partidos como paus, cinzas devastadas pelas gárgulas do vento. Tudo nele é arcos. E cinzas. E temporais. E restos de velas naufragadas. Já se dizia nessa altura que a morte é a única coisa que chegue sem avisar. Ao de leve. Como um pássaro perneta. Não podia sequer imaginar ou enfeitiçar numa tela de traços rudes que o seu caminho o levaria a uma ponte sem protecção lateral, incitava-o a olhar, a aproximar, a dar um salto sem membros posteriores. Os seus olhos pregados no espaço vazio, a sensação de que se olhava ao longe. A cada víscera um pássaro morto. A cada grito um penedo na nuca. Um esvair de saliva misturada com dejectos e vidros. Estilhaçara-se todo por dentro, nem um arregalar de olhos para a posteridade. Via-se esqueleto de um reflexo num raio-x premente. Naquela tela sem margens definidas, só traços rudes de um corpo sem voz, as cordas vocais no ar, suspensas no bico de um pássaro morto que aterra no arco da ponte. E por baixo um mar de velas naufragadas, de asas depenadas que lhe batem na fronte. Num estado de crisálida interrompido pelo desvio para uma terrinha infértil, a unha do pé grande húmus para a criação de espaço. Que sufoco. Um chá por favor, de camomila. Esse mesmo chá acústico, a cada nota que se liberta, uma voz rouca que me apazigua da pancada na nuca. Não sei porque é que tenho a mania de me descrever pessoa que nem sequer se afigura na nébula. Sou pântanos e das águas escarros de rãs coxas, num chá onde perninhas saltitam para o nenúfar. Espreguiça-se. E eu também. Estamos em sintonia. Tal e qual uma sombra leal. Porque também as há desleais. Como o braço dormente. É por isso que tardo em provar do chá. A esta altura já as rãs recuperaram as pernas e só me restam os nenúfares. Um suspiro acústico que me apazigua o embate do penedo nos olhos. E tudo se estilhaça. De vidro que se compõe por dentro. Vira-se do avesso e um reflexo de penas e velas. Num concerto acústico de perfume noctívago e anelar. E a cada fonema uma unha encravada, um arco desprendido da ponte, sem protecções laterais, só o salto e as vísceras recolhidas por gaivotas famintas. A putrefacção estilhaçada em estômagos inchados. O veneno espalhado e chuva ácida que se avizinha. Em cada um gesto teu, em cada gota um sentido desnivelado, quase perpendicular aos nós dos membros. Tão branco como a neve, em degelo, como a carne se afasta dos ossos, desnudos. Os olhos cadavéricos, sem íris, um buraco negro que perpetua o vazio. Ecos de angústias temporais, raios, trovões, pântanos e criaturas sem cabeça, uivos de lama e garras que absorvem o enxofre das lágrimas que se libertam em convulsão. Nem o espelho se embacia com o torpor do momento, um bafo esverdeado numa partícula entre aspas. Asas, seda, penas, risos, tela, traços rudimentares e o pó em círculos demarcando espaços e tempos e sinais sem sentido. Vísceras mortas em convulsão, um rio de plasma onde caem pedaços da nuca, cabelos pretos, longos, línguas bífidas que cospem lava, num chã de camomila com cheiro a noite. No silêncio dos dedos enquanto a unha irrompe a pele do dedo grande do pé. Encravada, tal e qual aquele pedaço de carne junto à axila. O bater de asa descontrolado, a perna da rã aos saltos e o nenúfar na ponta da língua, num sabor acústico, ponteado por salpicos de neve. Soava-lhe a ternura, um auspício de equinócio numa fatia de bolo redonda, quebrada nas pontas e salpicada por poros vegetativos. Por todos os cantos os vultos de bocas abertas a entoarem cânticos de feliz aniversário, os dedos nos ouvidos e a volta ao mundo em menos de 30 segundos. As duas pernas verdes e lamacentas aos pulos, sem controlo, sobre pedras e pântanos rançosos. O bolo atirado à cara e a pele deteriorar-se em cada unhada mal dada, a ferida nos olhos. A batida acústica alheada de tudo o quanto se passava naquele restolhar de penas e de perfume ventoso. Que raio de corpo aquele que gira em torno de um eixo de anfíbio, que se raspa em aparas de múrmurios e os traça genuinamente numa ponte sem protecções laterais. O salto milimetricamente pensado e num toque de enlevo ali tão preciso, até a água ao fundo se abre num colo que o receberá em queda. Os peixes boquiabertos e as rãs afugentando as ondas, um manto de nenúfares como poiso e as vísceras espalhadas numa coreografia desumana. A primeira, a segunda, a terceira… tudo pessoas à deriva, guiadas por um corpo sem cabeça. A cabeça está a boiar, perdida numa qualquer reflexão que por ser cinzenta, se confunde com os detritos que lhe escorrem pelas narinas. Vou servi-la numa bandeja.
Os traços despegam-se dos meus dedos como as peles, esfolam-se sem pedir, deixam-me os músculos, os tendões, os capilares e tudo o mais à vista… mas que fato este de cores viscerais, cores da moda, fashion victim, que porra de carrossel que me enjoa. Um traço de água, jorra uma fonte da íris, a pureza cristalina de um dia de sol que amanhece, o cântico sublime das nuvens. Acústico. Dedilhar de mensagens que o vento transporta pelo meridiano que divide o pântano em dois. É por aí que começa o traço fino de água que depois dá origem ao arco da ponte e à cabeça e à fonte que jorra pela íris. A cabeça flutua, virgem, dando gargalhadas profundas de infortúnio e de lama. Esvoaçam sem mácula os corpos, sedentos de chá, frio a esta altura, é que deram a volta ao mundo num carrossel de espelhos, a música de fundo as cantigas de parabéns e as vozinhas fracas de criancinhas inocentes. Estilhaçou-se por dentro, esvaiu-se em sumo de maçã e derramou-se pelo chão, suturada a ferida dos olhos e a unha encravada num sinal de vermelho. Coça-se atrás das orelhas, fixa-se sem pensar que a cabeça a boiar no restolhar de penas e de anfíbios pernetas às bicadas de pássaros com as vísceras já sem nada. Reconheceu-se no sedimento, o ocaso dos olhos, eles também se escondem quando se envergonham ou se temem. Foi do estilhaçar, da água verde que jorrava da íris. Não mais o ocultava, a criatura de lodo, de nenúfares ponteados e de constelações interligadas por capilares que o povoavam de figuras aniversariantes e que berravam a todo o custo a mesma cantiga. Contemplava-as enquanto passavam uma, duas, três, quatro e mais não sei quantas vezes no carrossel ao som daquela cantiga de parabéns a você, que porra se ninguém fazia anos… ou faria e eu não me recordava, porque a cabeça a afundar-se no lodo com o peso das rãs. Verde que jorrava da íris e o esgoto a sumir-se no espirro. Que deus te abafe, para sempre. Já nesta altura se suspeitava que a morte se banha nas águas do pântano e se veste de peles que esfolavam, tal como as gaivotas fazem os ninhos de restos de vísceras dos corpos que saltam das pontes sem protecções laterais. Imaginar-me um ninho de gaivotas. Um ovo a eclodir junto ao coração inerte e no momento da eclosão um batimento. O sangue a jorrar, verde de inocuidade, numa encosta de espelhos refractários. Estilhaçar-me todo nesse momento, esvair-me em verdura e ser prado de pastagens banhado por um pântano de águas turvas. Ser o lodo das margens e vigiar a morte no seu banho. A cabeça a boiar, silenciosa, a morte não tem olhos, mas tem outras formas de ver. Foi nessa altura que se começou a dizer que é ela o ingrediente mais importante do perfume da noite. Está por provar. Melhor dizendo, por cheirar. O rádio não sintonizava na emissora habitual, na catarse onde os ritmos eram um espectro grotesco numa qualquer dança sensual, numa terrina de lodo donde salpicavam olhos de insecto mais ou menos intermédio nem acima nem abaixo algures no âmago de um estado por findar. Abreviando, num meio-termo. Era o rádio que não sintonizava, apesar das imagens serem recorrentes, legendadas por poros, sentiam-se as estalagmites que perfuravam a pele, ócio venenoso do toque. Parecia que explodia em quasar, um branco leitoso sobre o ventre delineando um percurso promíscuo, um poço sem fundo, de cabeça, os lábios a boiar, os olhos suspensos no reflexo da própria miragem… preciso de afogar as mágoas, é com os olhos, depois com os lábios, depois a pele e tudo o que está pegado aos ossos, despir-me de tudo de tudo de tudo de tudo de tudo se tudo o que me veste é pó e cinzas e um amontoado de vísceras inanimadas. A pedra fria, aquele perfume que ao dançar se espalha pelo orvalho, a imagem de uma teia salpicada pelas gotas de suor de um qualquer ser suspenso pelos cabelos, estende-me os dedos ténues e iça-me pelos pulmões. Um cultivo de pássaros desasados, de pernas ao alto. Pudesse eu flutuar e…
Matar
Sangrar
Cortar
Exclamar em pedaços inertes
Coexistir
Rasgar
Perfurar
Erguer cada peça de membro
Desmontar
Engelhar
Ranger
Esticar a pele até os olhos saltarem
Escolher
Enumerar
Pontuar
Escrever a sangue cada vontade de…
Raios
Merda
Foda-se
E o resto que
Não cabe.
Estupor
Estupor
Estupor
Mil e uma vezes estupor!
Saca da arma e dispara
Se te falta a coragem
A lama que te jorra da íris
De espanto
Enquanto a cabeça flutua
No sangue
Hemácias
Leucócitos
Plaquetas
E risos
De escárnio
De veias rotas
De dedos cortados que apontam o norte
O crime
O coágulo
O ponto crucial onde tudo remonta ao passado
O barco encalhado na arteríola perto
Perto
Perto
Perto
Jaz perto o arco da ponte
Sem protecção
Sem nada que te sustente os pés
A unha que enterra na carne
Com medo
Medo
MEDO
Que o perfume se dissolva na noite
Sem que te chegue ás narinas
Entupidas por sangue coalhado
Jamais jorrará
A fonte
Seca
Só rãs
E pernas
E assombros
E espectros
E ninhos
E rádios por sintonizar
Reticências
Parágrafo
Uma linha em branco
Porque já nessa altura
Nessa mesma altura
Se espalhava o rumor de que a morte
Também gosta de perninhas de frango na canja.
Conseguisse eu derramar aquela lágrima coalhada, aquela mesma que me impede de ver com olhos de ver até à raíz da questão. Pulo da corda bamba e esfaqueio cada pedaço de tempo. A morte contada aos segundos. Mais preciso não consigo ser porque a música embala-me a alma enquanto expiro saudades. Marco o compasso a cada espernear, e o insecto pousa num momento em pausa dissimulada; ouvi dizer que se trata da água da chuva… ou será apenas a terrível dor da perda em convulsão? Deixo a resposta a quem de direito deve responder. Se o houver! Se o dispuser! Se o souber interpretar em hieróglifos desenhados a língua bífida.
Os traços despegam-se dos meus dedos como as peles, esfolam-se sem pedir, deixam-me os músculos, os tendões, os capilares e tudo o mais à vista… mas que fato este de cores viscerais, cores da moda, fashion victim, que porra de carrossel que me enjoa. Um traço de água, jorra uma fonte da íris, a pureza cristalina de um dia de sol que amanhece, o cântico sublime das nuvens. Acústico. Dedilhar de mensagens que o vento transporta pelo meridiano que divide o pântano em dois. É por aí que começa o traço fino de água que depois dá origem ao arco da ponte e à cabeça e à fonte que jorra pela íris. A cabeça flutua, virgem, dando gargalhadas profundas de infortúnio e de lama. Esvoaçam sem mácula os corpos, sedentos de chá, frio a esta altura, é que deram a volta ao mundo num carrossel de espelhos, a música de fundo as cantigas de parabéns e as vozinhas fracas de criancinhas inocentes. Estilhaçou-se por dentro, esvaiu-se em sumo de maçã e derramou-se pelo chão, suturada a ferida dos olhos e a unha encravada num sinal de vermelho. Coça-se atrás das orelhas, fixa-se sem pensar que a cabeça a boiar no restolhar de penas e de anfíbios pernetas às bicadas de pássaros com as vísceras já sem nada. Reconheceu-se no sedimento, o ocaso dos olhos, eles também se escondem quando se envergonham ou se temem. Foi do estilhaçar, da água verde que jorrava da íris. Não mais o ocultava, a criatura de lodo, de nenúfares ponteados e de constelações interligadas por capilares que o povoavam de figuras aniversariantes e que berravam a todo o custo a mesma cantiga. Contemplava-as enquanto passavam uma, duas, três, quatro e mais não sei quantas vezes no carrossel ao som daquela cantiga de parabéns a você, que porra se ninguém fazia anos… ou faria e eu não me recordava, porque a cabeça a afundar-se no lodo com o peso das rãs. Verde que jorrava da íris e o esgoto a sumir-se no espirro. Que deus te abafe, para sempre. Já nesta altura se suspeitava que a morte se banha nas águas do pântano e se veste de peles que esfolavam, tal como as gaivotas fazem os ninhos de restos de vísceras dos corpos que saltam das pontes sem protecções laterais. Imaginar-me um ninho de gaivotas. Um ovo a eclodir junto ao coração inerte e no momento da eclosão um batimento. O sangue a jorrar, verde de inocuidade, numa encosta de espelhos refractários. Estilhaçar-me todo nesse momento, esvair-me em verdura e ser prado de pastagens banhado por um pântano de águas turvas. Ser o lodo das margens e vigiar a morte no seu banho. A cabeça a boiar, silenciosa, a morte não tem olhos, mas tem outras formas de ver. Foi nessa altura que se começou a dizer que é ela o ingrediente mais importante do perfume da noite. Está por provar. Melhor dizendo, por cheirar. O rádio não sintonizava na emissora habitual, na catarse onde os ritmos eram um espectro grotesco numa qualquer dança sensual, numa terrina de lodo donde salpicavam olhos de insecto mais ou menos intermédio nem acima nem abaixo algures no âmago de um estado por findar. Abreviando, num meio-termo. Era o rádio que não sintonizava, apesar das imagens serem recorrentes, legendadas por poros, sentiam-se as estalagmites que perfuravam a pele, ócio venenoso do toque. Parecia que explodia em quasar, um branco leitoso sobre o ventre delineando um percurso promíscuo, um poço sem fundo, de cabeça, os lábios a boiar, os olhos suspensos no reflexo da própria miragem… preciso de afogar as mágoas, é com os olhos, depois com os lábios, depois a pele e tudo o que está pegado aos ossos, despir-me de tudo de tudo de tudo de tudo de tudo se tudo o que me veste é pó e cinzas e um amontoado de vísceras inanimadas. A pedra fria, aquele perfume que ao dançar se espalha pelo orvalho, a imagem de uma teia salpicada pelas gotas de suor de um qualquer ser suspenso pelos cabelos, estende-me os dedos ténues e iça-me pelos pulmões. Um cultivo de pássaros desasados, de pernas ao alto. Pudesse eu flutuar e…
Matar
Sangrar
Cortar
Exclamar em pedaços inertes
Coexistir
Rasgar
Perfurar
Erguer cada peça de membro
Desmontar
Engelhar
Ranger
Esticar a pele até os olhos saltarem
Escolher
Enumerar
Pontuar
Escrever a sangue cada vontade de…
Raios
Merda
Foda-se
E o resto que
Não cabe.
Estupor
Estupor
Estupor
Mil e uma vezes estupor!
Saca da arma e dispara
Se te falta a coragem
A lama que te jorra da íris
De espanto
Enquanto a cabeça flutua
No sangue
Hemácias
Leucócitos
Plaquetas
E risos
De escárnio
De veias rotas
De dedos cortados que apontam o norte
O crime
O coágulo
O ponto crucial onde tudo remonta ao passado
O barco encalhado na arteríola perto
Perto
Perto
Perto
Jaz perto o arco da ponte
Sem protecção
Sem nada que te sustente os pés
A unha que enterra na carne
Com medo
Medo
MEDO
Que o perfume se dissolva na noite
Sem que te chegue ás narinas
Entupidas por sangue coalhado
Jamais jorrará
A fonte
Seca
Só rãs
E pernas
E assombros
E espectros
E ninhos
E rádios por sintonizar
Reticências
Parágrafo
Uma linha em branco
Porque já nessa altura
Nessa mesma altura
Se espalhava o rumor de que a morte
Também gosta de perninhas de frango na canja.
Conseguisse eu derramar aquela lágrima coalhada, aquela mesma que me impede de ver com olhos de ver até à raíz da questão. Pulo da corda bamba e esfaqueio cada pedaço de tempo. A morte contada aos segundos. Mais preciso não consigo ser porque a música embala-me a alma enquanto expiro saudades. Marco o compasso a cada espernear, e o insecto pousa num momento em pausa dissimulada; ouvi dizer que se trata da água da chuva… ou será apenas a terrível dor da perda em convulsão? Deixo a resposta a quem de direito deve responder. Se o houver! Se o dispuser! Se o souber interpretar em hieróglifos desenhados a língua bífida.
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