Pedi-te que me deixasses uma linha da tua mão, à tua escolha. Deixaste a que mais se te perfurava, a que mais se afigurava neutra. Aquela que levava cada lágrima à nascente da tua vida. Aquela que outrora fora orvalho num suspiro quase etéreo. Pedi-te que me deixasses apenas e só uma linha da tua mão. À tua livre escolha. Optaste por aquela que é tão grande como a do horizonte, envolve-nos e circunda-nos num seis de Inverno. Foi a linha pela qual optaste. Aquela que divide em dois gumes a maçã, a que se iguala à soma dos quadrados dos catetos, a que soletra musicalmente uma balada noctívaga. Pedi-te uma linha. Da tua mão. Fria, pesada, branca tal e qual… na demora do ocaso devolveste-me o canto do cisne, porque ele pauta-se por essa linha, perpendicular à outra e no cruzamento das quais está a chaga.
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