sexta-feira, maio 04, 2007

FUMO


Sou do fumo dos corpos que ardem

Os estalidos virgens das articulações.

Nas vísceras multiplicam-se olhares vorazes,

Na indiferença de quem passa.


Sou do pó das cinzas que repousam

Os olhos cegos de poeira.

Sou do cigarro que se consome

Da célula infectada e do ventre proibido.


Sou do insecto

O bater de asas confunde-se

Com o ruído da solidão.


O fumo que sai negro.

Uma brasa que teima em não se apagar.


O último afago à terra

E a última poeira que me cai nos olhos.

É um adeus que se esfuma.


24.01.06

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