sábado, janeiro 20, 2007

Monólogo a Dois



Os meus restos descansam no frio da pedra,
Se ao menos eu os reconhecesse como meus
Mas fico na dúvida, nunca me vi tal como fui,
Nem mesmo como sou, como irei ser…
Nasci na dúvida, na dúvida cresci e na dúvida…

Livro-me dos conceitos que teimam em descrever-me
Redutores malignos impregnados cicatrizados
Ventos de temporal casas descobertas redomas partidas,
Guardo-me no oculto, no ocaso da revelação,
Não morro no céu, morro na terra, na terra que apetece.

Liberto-me da noite porque a noite… a noite é vadia,
Diverte-se com a cegueira dos outros, com as quedas
Desamparadas no fosso dos seus infortúnios,
Esbracejam para não se afogarem na sua própria sujidade,
Submersão no fundo de si, encontro consigo, monólogo a dois…

02.09.04

Sem comentários: