segunda-feira, julho 16, 2007

Bleeding Sunset

Silently you are back
Crawling slowly underneath my skin
You disturb my quietness
You refuse my tenderness
You run away, you are a mess
But you don’t even care
That you’re rising up to the glare
You’re a glimpse of my self esteem
You’re a mystery of my own scheme
Your heart’s the stage where I’ll play my scene.

Dramatic end
Easy way to pretend
That you’re alive,
That your soul
Is a pool where I dive
To forget
The painful regret
The bleeding sunset
That makes me cry
Each time I thing about my lie.

And when you feel
That I’m not real
Take a look at the sky
I’m shining upon
Your restless body
Waiting for you
To be at my side
To drain the tears
I won’t hide.

You’ll always be
The perfect solace
To my soul
To my hole
To my tragic heart,
Deeply dark
Dramatically consumed
By hate
By fate
By martyr visions
Of my lonely death.


21.04.04

Desolation


And in the last lines
Of my poetry
I write your name right next to mine
To remember the love
That joined us
Under the moonlight of our redemption.

And in the last words
Of a holy psalm
I read your name right next to god
To presage the death
That will divide us:
You in heaven and I in hell.

How can you beg me
To forgive such atrocious will
If he was here
I swear I’d kill him
With the anger I keep inside my heart…

You won’t feel it at all…
You won’t deserve it at all…
I’m doing this for our love
I’m doing this for us…

Bad dreams won’t come back
Bad dreams won’t come back
Bad dreams won’t come back
While I’m beside your sleep
While I taste the tears of your weep
While I’m the angel that keeps you safe
From the terrors of this world...


Oh this is the apocalypse of the depraved ones
I don’t want to feel this harsh reality
I don’t want to know who’s the real me
I’m not ready for such revelation
I’m not ready to sever from your affection
I’m your desolation.


23.02.04

quarta-feira, julho 04, 2007

While the stars fade away

You keep denying the moonlight in which we shared the love that made our hearts bleed again; you keep avoiding the longing that separates my world from yours, the last hope the last trust the last chance to help you smile… the shame laughs behind me underneath the two shadows that embrace in such a beautiful moment to eternity… we’re already together in this game, it’s useless to look for the reason why…we’re an ode to the lovers that breed without hope, the dawning and the beginning of each paradise… oh sweet insanity, you’ll always belong to me.


13.11.04

Night Terrors

They feel you
They hear you
They scare you
They know you
They pursue you
They want you
They smell you
They taste you
But you don’t know who they are…

They’re here (You’re no longer alone…)
They’re here (You’re no longer alone…)
They’re here (You’re no longer alone…)


Suicide
He dies on your side
Suicide
He’s the anguish you can’t hide
And you couldn’t stop him…
And you couldn’t stop him…
No you couldn’t stop him…


Cleanse your heart
With the blood he left you
As a memory, not a tragedy
‘Cause death is a choice
Each one is able to take
Why do we have to wait someone to choose for us...?


01.01.04

domingo, junho 17, 2007

Demons die so smoothly

You can’t hate me for what I’ve been till tonight
Depressive look and a glass-stained glimpse
Of a shadowed past somewhere lost
Beyond the fear that vanishes the fog.

You can’t judge me for what I’ve been till tonight
Death whispers so low that I bet that I’m not the one
Whose shadow is lost somewhere in a long long past
Protected by the fear that rapes me in the fog.

So let you know
I’m miserable enough
To taste you slow
To make you proud
To feel you well
To show you my hell
The one I conceived
With the seeds you despised
Demons die so smoothly
And I feel you praying for a miscarried god.

You can’t love me just for tonight
Moon’s shadows left for the light
A mistress widow with a lazy heart
Head so low, I’m your butterfly…

I’m your butterfly…
I’m your butterfly…
Butterfly… your butterfly…

05.12.04

Innocence dies in the murmurs of silence

Through the haze of your sad melody
I feel the strain of your fragile fingers
And I hear the voice of a wounded thinker…
The vagrant taste of your sad melody
Revives a past in which I was the real me…
Steamy mirrors
Linking flowers blooming in your heart…
You’re a dreadful angel
With smiles of spark
This is your secrecy
This is your poetry…
Oblivion thoughts and miracles
Come alive in the gaze of your emptiness
In the loss of your madness;
You breathe creatures from the Neverlands
We’re here to last as long as we want to…
A fragile finger
A silent thinker
And visions of oblivion;
I want you to
Feel the real you
At the same time that I deny the crime
Of my revelation…
Pure innocence
Drawing traces of a final breath
Where demons rise
And virgins compromise
With creatures from the Neverlands
We’re to suffer as long as we want to…
Bleeding scars
Frightful stars
The appearance and the revelation;
You hide your face
I draw the trace
Of your desolation
I protect you from yourself
And you want me to deny
That your innocence dies…
In silence you cast away your sad melodies…


03.08.04

quinta-feira, junho 07, 2007

heart-machine

The souls you’ve fed

Are back from the dead…

Esboço da Melancolia

Mergulho no pântano que esta noite está sob protecção da lua
E apodero-me da quietude que outrora fora tua.
Que silêncio este que me envolve, uma brisa serena que se faz sentir,
No ar húmido da noite, começo a existir…
Numa fuga momentânea sigo o caminho até ao subtil,
Embalado compassadamente pelo silêncio taciturno que me abraça.
Com os ecos anelantes que vagueiam, perdidos do seu mundo,
Esboço almas que aguardam impacientemente um corpo
Em que possam continuar a existir…
A brisa serena faz-se sentir, no ar húmido da noite começo a submergir.
Musas desfalecidas rodeiam o meu corpo e seguram-no sob mim,
E vejo-me, pântano de carne e de desejo, pedaço inerte fora de gravitação,
Sem ti sou tudo e contigo… contigo não sei o que serei… é aqui que me sinto,
É aqui que existo, na ópera da noite e no silêncio taciturno,
Anjo sem asas, ente nocturno.


04.09.04

terça-feira, maio 22, 2007

Corvo

O espectro reminiscente eleva-se na brisa crepuscular
Numa dança sem sentido, ritmo destroçado
Pela mágoa de se perder no nada,
Irreal falácia intemporal de ser
O que se preludia num momento fugaz de credibilidade
Só concebida aos meus olhos…

Se pelo menos conseguisse ver o que é suposto
Ou pelo menos indagar pelas formas inócuas
Que te preenchem; mas não quis supor
Que te perdia nas mãos da sombra,
Porque te sentia todos as noites antes do sono me levar,
Aquele beijo imaginado, um suspiro vão…

A criança solta-se da inocência,
A essência de ser e a vontade de procura,
O sentido da caminhada e o percurso perdido
Em suposições, em areias movediças,
Que me aprisionam as lembranças, as vontades, os desejos…
Abro alas ao sonho que se pode ter…

01.09.05

sexta-feira, maio 04, 2007

FUMO


Sou do fumo dos corpos que ardem

Os estalidos virgens das articulações.

Nas vísceras multiplicam-se olhares vorazes,

Na indiferença de quem passa.


Sou do pó das cinzas que repousam

Os olhos cegos de poeira.

Sou do cigarro que se consome

Da célula infectada e do ventre proibido.


Sou do insecto

O bater de asas confunde-se

Com o ruído da solidão.


O fumo que sai negro.

Uma brasa que teima em não se apagar.


O último afago à terra

E a última poeira que me cai nos olhos.

É um adeus que se esfuma.


24.01.06

quarta-feira, abril 25, 2007

A encenação da ironia

Podia fingir que não escutava o martelar da dor,
Que o sangue que derramo a cada pancada
Mais não é que água da chuva que transborda.
Podia despistar o arregalar de olhos
Pelos labirintos que se percorre nos pesadelos
Para fugir às garras da criatura que nos persegue a todo o custo.
Podia até desaparecer por entre o nevoeiro,
Traiçoeiro no seu jogo de múmias ressuscitadas
E talvez conseguisse envolver-me nas suas peles.
Podia fazer-vos acreditar que deixara de ser quem fora,
Que o templo fechara e o ancião não mais nele mora,
Com a vossa superficialidade de tocar, a facilidade consumada,
Pobres olhos arregalados de espanto, quais espantalhos reformados,
Que os corvos percebem que mais não são do que palha podre.
Podia ser tudo e nada ao mesmo tempo. Podia ter o céu como tapete
E o vento como servo delicado que me eleva a cada momento.
Neste poema sou eu quem manda, quem tem o poder de escolher
Que palavras vos atiro à cara e quais as que guardo para os outros.
Como podeis ser tão fundos de miséria que até a deus insultais pelo que sois.
E não adianta o fingimento, o jogo de disfarces múltiplos, para um público sem olhos.
Podia fingir que durmo. Que sou parvo, estúpido e toda a miudeza que para vós sou.
Podia fingir que haveis cortado os dedos. Aqueles que me apontavam o crime.
Mas este é o meu mundo e nele vós sois o reflexo do que escondeis por dentro.
Arregalai os olhos de pavor. Hoje presenteio-vos com a dor.
A minha multiplicada pela vossa mais a de Cristo que ironicamente morreu por vós.

15.01.06

quarta-feira, abril 18, 2007

III.

A manhã é pesada, com as gotas de orvalho e os suspiros sonâmbulos do errante que vagueia em busca da própria sombra. Divida em dois, um hemisfério cortante de arteríolas em carne viva. Arrancaram-no aos pedaços, sem banda sonora, sem qualquer tipo de ascensor. Sinto-me quente, num estado de transpiração obliqua, da voz que vem do outro lado da cortina, opaca por hemisférios que nada reflectem, só cospem em soluços entremeados por gargalhadas inodoras. Pudesses tu um dia, uma noite, uma madrugada elevar-te para lá da troposfera e sentires a leveza da separação do espírito do corpo da carne dos ossos da unha da carne que se encrava na pele cada vez mais poder num fetiche de ideias mentais atropeladas por cisnes que gritam como loucos desvarios impelidos pela cegueira. Na asa direita do cego, o mesmo que ouve o que diz e trauteia a palavras do vizinho moribundo da campa ao lado quando se lembra de recitar exaustivamente os versos que ditava à sua esposa no momento de um orgasmo de desenho animado. Daí as elevações, as velas, os crisântemos e as fissuras na pele. A raiz. E a flor cresce negra como a noite, ponteada pelos murmúrios reflexos de charme e glamour, a passerelle da vida em passos lentos para que filmem as quedas, a pique, tal e qual a queda dele. Deixa – me sentir o sabor desse sangue envenenado, sentir-lhe os espinhos a cortar-me a garganta, lentamente, sugar-me cada palavra que se prende em cada espinho… serás tu capaz de me soletrar numa prosa… enquanto me esvaio e a sede se atenua. Só porque me chamo do lado de fora deixo-me sem uma referência ao facto de ter esquecido de me acordar. Deixo-me estar porque prefiro ver-me sonhar. Acho até que vou cantar aquela canção de embalar em que só se mexe os lábios.

quinta-feira, março 22, 2007

O medo vem encapuçado.
Vem daqueles que comem de boca aberta,
Daqueles que falam com a boca cheia de lodo.
A vida escorre, húmida, pelos espaços entre os dentes.

O medo vem mastigado.
Nas bocas de lodo restam as palavras da morte,
A preto e a branco.


06.03.06

terça-feira, março 13, 2007

II.

Pedi-te que me deixasses uma linha da tua mão, à tua escolha. Deixaste a que mais se te perfurava, a que mais se afigurava neutra. Aquela que levava cada lágrima à nascente da tua vida. Aquela que outrora fora orvalho num suspiro quase etéreo. Pedi-te que me deixasses apenas e só uma linha da tua mão. À tua livre escolha. Optaste por aquela que é tão grande como a do horizonte, envolve-nos e circunda-nos num seis de Inverno. Foi a linha pela qual optaste. Aquela que divide em dois gumes a maçã, a que se iguala à soma dos quadrados dos catetos, a que soletra musicalmente uma balada noctívaga. Pedi-te uma linha. Da tua mão. Fria, pesada, branca tal e qual… na demora do ocaso devolveste-me o canto do cisne, porque ele pauta-se por essa linha, perpendicular à outra e no cruzamento das quais está a chaga.

terça-feira, março 06, 2007

I.

Uma febre que ia e vinha. Ao ritmo lento do ocaso. Pensou tratar-se de uma asa depenada que lhe sobrevoava a fronte ou algum insecto a meio da sua metamorfose. Talvez por se encontrar deitado o refluxo azedo do dia lhe tivesse subido à memória e azedasse as recordações de um período qualquer de tempo indeterminável, dado o azedume. Já nessa altura se passava o rumor de que a única coisa certa é a morte. O resto é um pêndulo saltitante que num ritmo mais ou menos precário nos faz decair. Como a laranja que apodrece pela infusão larvar de vómitos. Um escarro. É no que se revê. Num escarro pregado à sola de um sapato que percorre a beira-rio, pela marginal até ao sem rumo. Nunca pensara em escrever uma biografia crisálida, pois nunca se preocupara em demarcar períodos, regia-se pelas horas solares, daí enganar-se sucessivamente nas rugas. Nem o nome se alinhava no horizonte. Culpava a elevação da campa da sua mãe. Em terra, para que o peso das recordações não fosse em demasia. Acreditava que sendo terra os tormentos aprisionados na carne, à medida que esta se consumia, libertavam-se no perfume da noite. É por isso que os cheiros da noite são irreconhecíveis. E não vale a pena a discussão, pois não há consenso. O perfume da noite. Seria engraçado descobri-lo e guardá-lo num frasco escuro, salpicado por pequenos pontos brancos, em linhas imaginárias desenhar-se-iam figuras inexistentes. O perfume da noite… que maçada quando lhe escapa a carne, quando se dão nós nos membros e os impedem de avançar. Nem mesmo o assombro do espelho o ilude, é céptico nas entrelinhas. Dá vontade de rir, de pasmar, de o segurar pelas tripas e rodá-lo 180 graus para que os olhos se abram de pasmo. Nem nas pálpebras se reconhece, podia pelo menos ficar arrepiado, mas nem as unhas se retraem na carne com tal fixação. Tenta disfarçar mas apanho-lhe o tique da unha do dedo grande do pé. Descreve arcos de abóbada. Tudo nele é arcos e paredes de calcário, já conta décadas de exposição a erosões, o tiquetaque de um qualquer sentido germinal faz ressonância nos espelhos. É talvez naquele espaço ténue onde se recuperam tendões de Aquiles que ressoa a mudança, a qualquer espécie de maturação inócua que recua. Um passo, dois passos, e um intervalo reticente de sucessivos desmaios esgazeados de fumo e poeira. Adormece, ou julga que… num estado mais onírico que material, a carne lamenta-se por se descolar dos ossos partidos como paus, cinzas devastadas pelas gárgulas do vento. Tudo nele é arcos. E cinzas. E temporais. E restos de velas naufragadas. Já se dizia nessa altura que a morte é a única coisa que chegue sem avisar. Ao de leve. Como um pássaro perneta. Não podia sequer imaginar ou enfeitiçar numa tela de traços rudes que o seu caminho o levaria a uma ponte sem protecção lateral, incitava-o a olhar, a aproximar, a dar um salto sem membros posteriores. Os seus olhos pregados no espaço vazio, a sensação de que se olhava ao longe. A cada víscera um pássaro morto. A cada grito um penedo na nuca. Um esvair de saliva misturada com dejectos e vidros. Estilhaçara-se todo por dentro, nem um arregalar de olhos para a posteridade. Via-se esqueleto de um reflexo num raio-x premente. Naquela tela sem margens definidas, só traços rudes de um corpo sem voz, as cordas vocais no ar, suspensas no bico de um pássaro morto que aterra no arco da ponte. E por baixo um mar de velas naufragadas, de asas depenadas que lhe batem na fronte. Num estado de crisálida interrompido pelo desvio para uma terrinha infértil, a unha do pé grande húmus para a criação de espaço. Que sufoco. Um chá por favor, de camomila. Esse mesmo chá acústico, a cada nota que se liberta, uma voz rouca que me apazigua da pancada na nuca. Não sei porque é que tenho a mania de me descrever pessoa que nem sequer se afigura na nébula. Sou pântanos e das águas escarros de rãs coxas, num chá onde perninhas saltitam para o nenúfar. Espreguiça-se. E eu também. Estamos em sintonia. Tal e qual uma sombra leal. Porque também as há desleais. Como o braço dormente. É por isso que tardo em provar do chá. A esta altura já as rãs recuperaram as pernas e só me restam os nenúfares. Um suspiro acústico que me apazigua o embate do penedo nos olhos. E tudo se estilhaça. De vidro que se compõe por dentro. Vira-se do avesso e um reflexo de penas e velas. Num concerto acústico de perfume noctívago e anelar. E a cada fonema uma unha encravada, um arco desprendido da ponte, sem protecções laterais, só o salto e as vísceras recolhidas por gaivotas famintas. A putrefacção estilhaçada em estômagos inchados. O veneno espalhado e chuva ácida que se avizinha. Em cada um gesto teu, em cada gota um sentido desnivelado, quase perpendicular aos nós dos membros. Tão branco como a neve, em degelo, como a carne se afasta dos ossos, desnudos. Os olhos cadavéricos, sem íris, um buraco negro que perpetua o vazio. Ecos de angústias temporais, raios, trovões, pântanos e criaturas sem cabeça, uivos de lama e garras que absorvem o enxofre das lágrimas que se libertam em convulsão. Nem o espelho se embacia com o torpor do momento, um bafo esverdeado numa partícula entre aspas. Asas, seda, penas, risos, tela, traços rudimentares e o pó em círculos demarcando espaços e tempos e sinais sem sentido. Vísceras mortas em convulsão, um rio de plasma onde caem pedaços da nuca, cabelos pretos, longos, línguas bífidas que cospem lava, num chã de camomila com cheiro a noite. No silêncio dos dedos enquanto a unha irrompe a pele do dedo grande do pé. Encravada, tal e qual aquele pedaço de carne junto à axila. O bater de asa descontrolado, a perna da rã aos saltos e o nenúfar na ponta da língua, num sabor acústico, ponteado por salpicos de neve. Soava-lhe a ternura, um auspício de equinócio numa fatia de bolo redonda, quebrada nas pontas e salpicada por poros vegetativos. Por todos os cantos os vultos de bocas abertas a entoarem cânticos de feliz aniversário, os dedos nos ouvidos e a volta ao mundo em menos de 30 segundos. As duas pernas verdes e lamacentas aos pulos, sem controlo, sobre pedras e pântanos rançosos. O bolo atirado à cara e a pele deteriorar-se em cada unhada mal dada, a ferida nos olhos. A batida acústica alheada de tudo o quanto se passava naquele restolhar de penas e de perfume ventoso. Que raio de corpo aquele que gira em torno de um eixo de anfíbio, que se raspa em aparas de múrmurios e os traça genuinamente numa ponte sem protecções laterais. O salto milimetricamente pensado e num toque de enlevo ali tão preciso, até a água ao fundo se abre num colo que o receberá em queda. Os peixes boquiabertos e as rãs afugentando as ondas, um manto de nenúfares como poiso e as vísceras espalhadas numa coreografia desumana. A primeira, a segunda, a terceira… tudo pessoas à deriva, guiadas por um corpo sem cabeça. A cabeça está a boiar, perdida numa qualquer reflexão que por ser cinzenta, se confunde com os detritos que lhe escorrem pelas narinas. Vou servi-la numa bandeja.
Os traços despegam-se dos meus dedos como as peles, esfolam-se sem pedir, deixam-me os músculos, os tendões, os capilares e tudo o mais à vista… mas que fato este de cores viscerais, cores da moda, fashion victim, que porra de carrossel que me enjoa. Um traço de água, jorra uma fonte da íris, a pureza cristalina de um dia de sol que amanhece, o cântico sublime das nuvens. Acústico. Dedilhar de mensagens que o vento transporta pelo meridiano que divide o pântano em dois. É por aí que começa o traço fino de água que depois dá origem ao arco da ponte e à cabeça e à fonte que jorra pela íris. A cabeça flutua, virgem, dando gargalhadas profundas de infortúnio e de lama. Esvoaçam sem mácula os corpos, sedentos de chá, frio a esta altura, é que deram a volta ao mundo num carrossel de espelhos, a música de fundo as cantigas de parabéns e as vozinhas fracas de criancinhas inocentes. Estilhaçou-se por dentro, esvaiu-se em sumo de maçã e derramou-se pelo chão, suturada a ferida dos olhos e a unha encravada num sinal de vermelho. Coça-se atrás das orelhas, fixa-se sem pensar que a cabeça a boiar no restolhar de penas e de anfíbios pernetas às bicadas de pássaros com as vísceras já sem nada. Reconheceu-se no sedimento, o ocaso dos olhos, eles também se escondem quando se envergonham ou se temem. Foi do estilhaçar, da água verde que jorrava da íris. Não mais o ocultava, a criatura de lodo, de nenúfares ponteados e de constelações interligadas por capilares que o povoavam de figuras aniversariantes e que berravam a todo o custo a mesma cantiga. Contemplava-as enquanto passavam uma, duas, três, quatro e mais não sei quantas vezes no carrossel ao som daquela cantiga de parabéns a você, que porra se ninguém fazia anos… ou faria e eu não me recordava, porque a cabeça a afundar-se no lodo com o peso das rãs. Verde que jorrava da íris e o esgoto a sumir-se no espirro. Que deus te abafe, para sempre. Já nesta altura se suspeitava que a morte se banha nas águas do pântano e se veste de peles que esfolavam, tal como as gaivotas fazem os ninhos de restos de vísceras dos corpos que saltam das pontes sem protecções laterais. Imaginar-me um ninho de gaivotas. Um ovo a eclodir junto ao coração inerte e no momento da eclosão um batimento. O sangue a jorrar, verde de inocuidade, numa encosta de espelhos refractários. Estilhaçar-me todo nesse momento, esvair-me em verdura e ser prado de pastagens banhado por um pântano de águas turvas. Ser o lodo das margens e vigiar a morte no seu banho. A cabeça a boiar, silenciosa, a morte não tem olhos, mas tem outras formas de ver. Foi nessa altura que se começou a dizer que é ela o ingrediente mais importante do perfume da noite. Está por provar. Melhor dizendo, por cheirar. O rádio não sintonizava na emissora habitual, na catarse onde os ritmos eram um espectro grotesco numa qualquer dança sensual, numa terrina de lodo donde salpicavam olhos de insecto mais ou menos intermédio nem acima nem abaixo algures no âmago de um estado por findar. Abreviando, num meio-termo. Era o rádio que não sintonizava, apesar das imagens serem recorrentes, legendadas por poros, sentiam-se as estalagmites que perfuravam a pele, ócio venenoso do toque. Parecia que explodia em quasar, um branco leitoso sobre o ventre delineando um percurso promíscuo, um poço sem fundo, de cabeça, os lábios a boiar, os olhos suspensos no reflexo da própria miragem… preciso de afogar as mágoas, é com os olhos, depois com os lábios, depois a pele e tudo o que está pegado aos ossos, despir-me de tudo de tudo de tudo de tudo de tudo se tudo o que me veste é pó e cinzas e um amontoado de vísceras inanimadas. A pedra fria, aquele perfume que ao dançar se espalha pelo orvalho, a imagem de uma teia salpicada pelas gotas de suor de um qualquer ser suspenso pelos cabelos, estende-me os dedos ténues e iça-me pelos pulmões. Um cultivo de pássaros desasados, de pernas ao alto. Pudesse eu flutuar e…
Matar
Sangrar
Cortar
Exclamar em pedaços inertes
Coexistir
Rasgar
Perfurar
Erguer cada peça de membro
Desmontar
Engelhar
Ranger
Esticar a pele até os olhos saltarem
Escolher
Enumerar
Pontuar
Escrever a sangue cada vontade de…
Raios
Merda
Foda-se
E o resto que
Não cabe.
Estupor
Estupor
Estupor
Mil e uma vezes estupor!
Saca da arma e dispara
Se te falta a coragem
A lama que te jorra da íris
De espanto
Enquanto a cabeça flutua
No sangue
Hemácias
Leucócitos
Plaquetas
E risos
De escárnio
De veias rotas
De dedos cortados que apontam o norte
O crime
O coágulo
O ponto crucial onde tudo remonta ao passado
O barco encalhado na arteríola perto
Perto
Perto
Perto
Jaz perto o arco da ponte
Sem protecção
Sem nada que te sustente os pés
A unha que enterra na carne
Com medo
Medo
MEDO
Que o perfume se dissolva na noite
Sem que te chegue ás narinas
Entupidas por sangue coalhado
Jamais jorrará
A fonte
Seca
Só rãs
E pernas
E assombros
E espectros
E ninhos
E rádios por sintonizar
Reticências
Parágrafo
Uma linha em branco
Porque já nessa altura
Nessa mesma altura
Se espalhava o rumor de que a morte
Também gosta de perninhas de frango na canja.
Conseguisse eu derramar aquela lágrima coalhada, aquela mesma que me impede de ver com olhos de ver até à raíz da questão. Pulo da corda bamba e esfaqueio cada pedaço de tempo. A morte contada aos segundos. Mais preciso não consigo ser porque a música embala-me a alma enquanto expiro saudades. Marco o compasso a cada espernear, e o insecto pousa num momento em pausa dissimulada; ouvi dizer que se trata da água da chuva… ou será apenas a terrível dor da perda em convulsão? Deixo a resposta a quem de direito deve responder. Se o houver! Se o dispuser! Se o souber interpretar em hieróglifos desenhados a língua bífida.

sexta-feira, março 02, 2007

On some gentle dawn

Não se deixou impressionar pela madrugada de aço que lhe paralisava as pernas. Julgou ser aquele peso brutal que lhe vinha de cima, sem um destino traçado à partida. Como aqueles errantes do amanhecer que se cruzam com o último aceno da estrela da manhã e se desviam para não se queimar pelos primeiros raios de sol. Solilóquio orvalhar, preso pelo lábio inferior e soletrado através dos espaços entre os dentes. Desse mesmo escárnio pautado pelo batimento harmonioso do ciclo vital, em círculos imperfeitos, esborratados com o sangue que jorra invisível. Aponta unhas ao sol, as que cospe pelos espaços entre os dentes. Desfaz-se em sílabas atónas e presenteia-se com a dor da sua junção. A cada pestanejar, um círculo… a cada silêncio, um mar envolto em fúria… a cada gota de saliva, o amor em estado líquido…

01.03.2007

quarta-feira, fevereiro 28, 2007

I'm your lover, I'm your zero

Nulidade

Anularam-me.
Colocaram-me à esquerda, como um zero.
Uma presença assinalada. De caco.
Tal a apatia que se estala por dentro.
Anularam-me.
Colocaram-me ao frio, sem vestes.
Uma criatura assassinada. Morta.
Dedos que apontam como punhais.

Nulo. Percorro mãos.
O refúgio pantanoso da escuridão recebe-me, em pranto.
O mar. Nulo na sua revolta.
E o crepúsculo em pausa para que me reveja.

Só o vislumbre é de jade,
Nem o canto perdura para lá do muro.
A alma revolve-se, em tormento…
Eu e somente eu, entregue ao pudor,
Madrugada de nulidade.

O crepúsculo permanece pausado.
Para que me revele. E só então se anula. Na tangente horizonte.
Anseio a noite. Com ela a madrugada. A nulidade de mim em mim,
De nós em nós, deles em nós, deles em mim…
Como se a terra fosse um mar imenso. E água me afogasse.

Colocaram-me à esquerda.
A direita é para o filho.
É aqui que me anulo. Na sombra dele. Na pausa do silêncio.
Percorro mãos e aponto punhais.
Com a bênção da madrugada.
Sou nulidade. Na revelação da espera.

10.03.06

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

On my way down

Hemorragia


Sou o rio de sangue que te banha as margens virgens,
Aquele líquido de cor forte que se atenua com o tempo.
Um arco-íris de olhos perfaz um arco labial,
Sobre um tal rio celular cuja biologia oculta mistério.
A queda de água, o sangue que jorra audácia,
Uma matriz de lodo que prende os sedimentos de uma vida.
Sou o rio de sangue, cujo caudal celular oculta augúrio,
Diz-se nas margens que os seus afluentes são as veias e as artérias
Daqueles cujos corações se esgotaram por tanto bater,
Um batimento sem eco, sem resposta do outro lado do vidro baço
Que os enevoa na solidão… sou o rio de sangue que te acompanha
Numa marcha sem nexo, sem brado, sem música de fundo.
O banho madrugador, uma enchente de corpo e horror,
O momento em que paro a corrente, para que te diluas no sangue
E me concedas a graça de te envolver, de te animar no mais pequeno poro de vida.
Sou o rio de sangue que se desfez numa recordação póstuma
Como a força que me impele a escrever. Uma escrita de sangue seco,
Numa crosta de papel ressequido que arde sem compaixão.
Sou o rio de sangue que te banha as margens virgens,
Onde as flores morrem com o veneno que te vou devolvendo.

08.02.06

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Happy Fucking Valentine's

Dim

Dew drops dawn inside my heart, when soulmates swear they’ll never be apart, perfectly protected under the moonlight, of my lonesome night, and bruised with stars and nightmare scars, of an ancient time, when angles came to earth to bless every kind of peaceful touch… and we didn’t feel it… we were too young to believe that love would be written in our destiny… Raindrops fill my empty heart, when soulmates challenge the dark, protected by the angels that took you up to the sky, where you’re the star that lights the scar of an unforgiving love… we were so old to make it true… and I was so hollow to trust in you… But the end is too far from our shelter, stormy nights won’t leave us fright, we’ll reach the sky to steal the heavenly light that will lead us though the night, and when the sun rises I’ll kiss you, and when the sun sets I’ll kill you, and you’ll feel the presence of her halo upon us… the blessed queen of an ancient time, when I was the murder and she was my perfect crime… my perfect crime… my perfect crime…

23.07.04

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Crawling into the void

To Die of Grief

I stare at night, I meet you there
I need your love but it’s unfair.
I am so worthless, I lost my pride
In this sea with thoughts of suicide...

Your tears are bright like the stars
All my fears are dark as my scars
So get close to me, to feel it...
Vinegar drops on my wounds.

And it hurts, oh so much pain
I scream but it’s all in vain
This despair, all this cry
This torture and the wish to die
Tonight, when you’re so bright
Holding the stars and all the light.

I am on the other side, I have no choice
But I still hear the echo of your voice
Drop by drop I lose my blood...
This frail creature can’t deny
That without you I prefer to die.

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Profano

Revelação em tom grave

Tenho tanto para te contar que não caberia neste instante,
Nesta pausa fotográfica de tempo efémero,
Neste crepitar de alma consumida pelas chagas,
Neste augúrio de um futuro desnivelado.

Tenho tanto para te revelar que não caberia nesta convulsão,
Nesta massa de ar inflamado que nos congela,
Nesta mania de espaçar o que deverá permanecer junto,
Nesta assunção que mais não é do que o aterro.

Tenho tanto para te confessar que não caberia neste lacrimejar,
Neste solfejo interdito a pobres de visão,
Neste templo arruinado pelas guerras corruptas,
Neste mural prolongado pela morte.

Tenho tanto para te olvidar que não caberia nesta fase,
Nesta escultura esquelética de premonições,
Nesta tempestade de medos e ressurreições,
Nesta água que me inunda o mais recôndito de mim.

Tenho tanto para te contar, o tempo da morte,
Aquele encandeamento como a luz do farol,
Aquele pouso terminal, o porto seguro da revelação.
Tenho tanto para te contar que a morte me concede um pouco mais…

04.02.06

Simbiose

Inspiração

Porque me desencontrei neste corredor
Ínfimo em desgraça, não tenho para onde ir,
Resta-me a ilusão do fim, de um qualquer cenário
Antecipado em que o ser se desintegra.

Porque quis ir além do que deduzi ser
O que de facto não sou, na miragem do devir,
Sufoquei com a revelação da subtileza
Neste prelúdio de dor que me desintegra.

Bafejado pela obscenidade de desejar o mal,
O que sempre me iludiu na caminhada fatal…
Agora ouço os anjos, sinto a candura do seu sopro,
Agora que te amo, é agora que morro.

30.09.04

sábado, janeiro 20, 2007

Céu de Inverno

Luar numa noite de céu encoberto

Sabes, apetece-me chorar, mas um choro espiritual
Para que só nós o percebamos…
Apetece-me deixar-me sufocar pelas mágoas
Que há muito reprimo em masmorras de lama…
Apetece-me chorar, choro subliminal,
Versos de Apolo em harpas rendidas ao infortúnio…
Há muitas formas de se perder a inocência
Se a vires diz-lhe para voltar… quero adormecer na ingenuidade
De que amanhã estarei a brincar e a construir castelos de lama
E que o príncipe derrotará o dragão e salvará a sua dama…
Apetece-me chorar, devaneio lacrimal, e só tu e eu…
Só tu e eu o percebemos, no Éden do nosso amor.

04.09.04

Monólogo a Dois



Os meus restos descansam no frio da pedra,
Se ao menos eu os reconhecesse como meus
Mas fico na dúvida, nunca me vi tal como fui,
Nem mesmo como sou, como irei ser…
Nasci na dúvida, na dúvida cresci e na dúvida…

Livro-me dos conceitos que teimam em descrever-me
Redutores malignos impregnados cicatrizados
Ventos de temporal casas descobertas redomas partidas,
Guardo-me no oculto, no ocaso da revelação,
Não morro no céu, morro na terra, na terra que apetece.

Liberto-me da noite porque a noite… a noite é vadia,
Diverte-se com a cegueira dos outros, com as quedas
Desamparadas no fosso dos seus infortúnios,
Esbracejam para não se afogarem na sua própria sujidade,
Submersão no fundo de si, encontro consigo, monólogo a dois…

02.09.04

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Let the words flow through your veins... the music through your mind...

Once Upon A Time
mother i'm tired
come surrender my son
time has ravaged on my soul
no plans to leave but still i go
fallin' with the leaves
fallin' out of sleep
to the last goodbyes
who cares why?
mother i've tried
wasting my life
i haven't given up,
i lie
to make you so proud in my eyes
fallin' out of sleep
crawlin' over me
to the last goodbyes
who cares why?
tuesdays come and gone
restless still i drive
try to leave it all behind
fallin', fallin' out of sleep
fallin', fallin' with the leaves
i got crawlin', crawlin' over me
once upon a time in my life...i went falling
mother i hope you know
that i miss you so
time has ravaged on my soul
to wipe a mother's tears grown cold.
The Smashing Pumpkins - Adore

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Lágrimas de enxofre

Lacrimal

Fosse eu a partícula que se esvai num tempo sem espaço
E que se esfuma num respirar breve em melodia.
Algo semelhante a uma ave que cai, morta em silêncio, despida de estendais.
Quando acordo do sono preso nas amarras do destino,
O sol vai alto, tão alto, bem perto do céu.
O queimado da pele ácida que me cobre, que me corrói bem dentro.
Vísceras amontoadas em corpos desnudos e putrefactos.
Inspiro.
Inspiro sublimemente.
Inspiro sublimemente a tua mão, a tua face, os teus olhos, tudo teu.
E quando mastigo sou homem, julgava ser ou não ser ou ser só por ser
Porque ser só por ser não é ser é apenas fingir que se é.
Tal como fui ou sou ou serei ou pretendi ser
Só para que me fosses o que sempre te quis ser.
Como sempre, talvez.
Ou apenas a leve agitação interior de podre e amargo.
O pêssego que amadurece e apodrece antes que o saboreie.
Desejo-te na névoa, no sonho, na melodia que entra pelos ouvidos e me invade...
Não te sei explicar, nem sei quem és, nem do que gostas de ouvir.
Lá fora jaz a noite. O meu manto de noites eternas.
O meu regaço de consolo e sonho. De solidão.
Eu sou a solidão. Eu. Sim eu, porque tu. De ti nada sei.
Nada soube. Opaco muro que me enclausura
Numa escravatura sufocante do tempo que rareia.
E respiro.
Respiro?
Acho que sim.
Sinto o corpo a elevar-se.
A sede.
A fome.
A carne.
A água.
A chuva e a lama.
O corpo e a alma.
A morte e a morte.
De mãos caídas caminho no plano oblíquo do que julgo ser.
Caio em tentações supérfluas.
Que já ninguém guarda.
Que já ninguém persegue.
Soubesse eu chamar-te, olvidar-te, sossegar-te, repousar-te...
Soubesse eu em delírio fugaz escapar às amarras do infortúnio de ser.
O sangue coalha no canto dos pássaros, alvorada manchada.
E o azul mistura-se na minha voz, no meu grito, no meu caminhar.
Sou eu quem te persegue e se senta na tua sombra para não me queimar do sol.
Dá-me a mão.
Levanta-me.
Faz-me rir.
Deixa-me chorar.
Ama-me.
Não percebo.
Não sei.
Raios!
Manto breve de inquietação, em vírgulas e acentos mal colocados.
Que palavras mal escolhidas, que voz ridícula.
Ainda bem que não falas.
Suspiras. Suspiro por ti. Não sentes.
Só em música te elevas e te desprendes da realidade,
Porque acreditas no poder das estrelas.
Também desejo.
Também desconheço o beijo.
Os espinhos cravados na fronte.
Da rosa.
Da rosa seca de sangue.
De sangue derramado sobre os passos soturnos da sombra que é minha.
Vem do fundo.
Em ecos que se perdem pelos vales da solidão.
Pelos espaços vítreos do meu.
Sim, do meu.
Não estranhes.
Porque não há norte.
Não há.
Não há, porque não há.
Não te devo resposta.
Porque não há.
Vácuo.