segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Profano

Revelação em tom grave

Tenho tanto para te contar que não caberia neste instante,
Nesta pausa fotográfica de tempo efémero,
Neste crepitar de alma consumida pelas chagas,
Neste augúrio de um futuro desnivelado.

Tenho tanto para te revelar que não caberia nesta convulsão,
Nesta massa de ar inflamado que nos congela,
Nesta mania de espaçar o que deverá permanecer junto,
Nesta assunção que mais não é do que o aterro.

Tenho tanto para te confessar que não caberia neste lacrimejar,
Neste solfejo interdito a pobres de visão,
Neste templo arruinado pelas guerras corruptas,
Neste mural prolongado pela morte.

Tenho tanto para te olvidar que não caberia nesta fase,
Nesta escultura esquelética de premonições,
Nesta tempestade de medos e ressurreições,
Nesta água que me inunda o mais recôndito de mim.

Tenho tanto para te contar, o tempo da morte,
Aquele encandeamento como a luz do farol,
Aquele pouso terminal, o porto seguro da revelação.
Tenho tanto para te contar que a morte me concede um pouco mais…

04.02.06

2 comentários:

Anónimo disse...

Maginifico. Bem escrito.Intrigante e acolhedor ao mesmo tempo.És o meu poeta preferido (Perdoa-me Pedro Sena-Lino & Fernando Pessoa, lol)....

Bj amigo, da Iruka]

Anónimo disse...

BEM ESCRITO DIZIA EU...lol....desculpa o "maginifico"...é uma mistura de mágico com magnífico...lol.Ups, foi um lapso.