sábado, janeiro 22, 2011

O bailado dos que pouco ou nada esperam

A imensidão do traço que me contorna
Lascivo e inerte, sem consequência
Na ausência de perspectiva, de substância, de algo mais neutro que o ser-se e...

Deflagra a incerteza de devorar aquele ser
Sem saber que o tempo é cinza
E nela me fundo até aos ossos que me sutentam e...

A história repete-se em palavras inacabadas,
Em parágrafos diluídos por água turva,
Em sinais de pontuação ausentes, só o batimento cardíaco a marcar ritmo,
Inóspito como a melodia da noite que aconchega os intemporais
Vagabundos quais marionetas de cordas rasgadas,
Notas de piano em decadência e só eu e o cigarro
Que me consome no último suspiro da carne neutra em ser-se e não se ser,
Mimetismo corporal em combinações probabilísticas
O bailado dos transeuntes que apressados se atropelam.

Lamentos orvalhares, olhares desencontrados,
O crepitar do tempo em cinzas flutuantes em que me fundo,
Profundo parágrafo sem pontuação, palavras desalinhadas
E um fim em página branca, à espera que o plasma seja a pureza
Do ideal, sonho revelado através de uma qualquer peça
Em que os figurantes se dispersam, comungando da solidão da orquestra
Que cospe acordes de saliva envenenada.

http://jilltracy.bandcamp.com/track/under-the-fate-of-the-blue-moon

Sem comentários: